sábado, 13 de julho de 2013

[RESENHA] 1968 – Eles só queriam mudar o mundo


Título: 1968 – Eles só queriam mudar o mundo
Autores: Regina Zappa e Ernesto Soto
Editora: Zahar
Ano: 2008
Páginas: 311
ISBN: 978-85-378-0072-0
Gênero: Movimentos de protesto
Avaliação: 4/5
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Revoluções, Uniões e Lutas 
“Talvez fosse a palavra “liberdade” a que melhor expressasse os anseios de toda aquela geração de estudantes e trabalhadores.” (p.126)

Liberdade: Condição de uma pessoa dispor de si; faculdade de fazer ou deixar de fazer uma coisa; livre-arbítrio; faculdade de praticar tudo aquilo que não é proibido por lei; o uso dos direitos do homem livre. (Dicionário Aurélio)

Uma simples palavra que expressa diversos significados, diversas questões aos quais jovens estudantes e trabalhadores de todo mundo idealizavam e almejavam ao mesmo tempo. O planeta batia em ritmo acelerado entre lutas por direitos iguais contra a cultura imposta por gerações anteriores, contra preconceitos como racismo e homofobia e o principal de tudo os jovens estavam cansados de guerras, guerras estas que dizimavam milhares de vidas por onde se estabeleciam.

Foi almejando liberdade, paz e amor que milhares de jovens pelo mundo se uniram e se expressaram contra as desigualdades de seus países.
“Seus cantos, suas palavras de ordem, suas bandeiras e cartazes não vinham do passado. Representavam o futuro. Contra o centralismo, queriam autogestão. Contra o autoritarismo, propunham assembléias gerais. Rebelião e Revolução nunca estiveram tão próximas.” (p.13)
Muitas vidas foram ceifadas neste processo de luta para a garantia de um futuro melhor, um mundo sem tantas desigualdades. E cada país teve o seu estopim para a revolução, para a luta contra as imposições do governo, e no Brasil o ano de 1968 não foi diferente, a morte de um estudante por militares levou as ruas milhares de pessoas em prol da paz e da luta contra a tirania dos opressores da época.
“De repente, viaturas policiais cercaram o lugar, e soldados do Batalhão Motorizado da Polícia Militar invadiram o lugar, distribuindo indiscriminadamente cacetadas e tiros. [...] Varias rajadas de metralhadoras foram disparadas. [...] o comandante da tropa de choque, tenente Alcino Costa, sacou sua pistola 45 e fez diversos disparos. Um deles atingiu o peito do estudante Edson Luís de Lima Souto.” (p.71)
A invasão dos policiais no restaurante universitário do Rio de Janeiro em que sucedeu este crime chocou as pessoas e as mobilizou para além da universidade. 
“Todas as organizações estudantis decretaram greve geral para o dia seguinte [...] os teatros suspenderam seus espetáculos. [...] Aproximadamente 60 mil pessoas participaram do sepultamento de Edson Luís.” (p.71-72) 
Desde então o Brasil se rebelou contra a tirania, os estudantes os trabalhadores e os cidadãos de todo o país lutaram bravamente contra opressões que indignavam a todos, nunca as pessoas estiveram tão unidas em prol de algo em comum. Varias instituições de ensino, peças de teatro e músicas foram bloqueadas pelo governo que foi percebendo que os estudantes, artistas e trabalhadores estavam se unindo cada vez mais. 
“O movimento ganhara uma dimensão nunca imaginada pelo governo.” (p.123) 
Até que se sucedeu pelo governo brasileiro ao fim do ano a criação do Ato Institucional nº5 (AI-5) que finalizou todo e qualquer tipo de manifestação no Brasil, punindo severamente os manifestantes contra o poder. 

Mas, as manifestações neste ano não ocorreram somente no Brasil, em vários países como a Alemanha, Espanha, França, Etiópia, Japão, Estados Unidos e tantos outros, estavam acontecendo passeatas que ganhavam ruas e mobilizavam multidões.
“Não há como negar que neste período surgiram novos cenários onde se questionam valores, saberes, poderes, buscaram igualdade e justiça social e se gritou respeito a diferenças.” (p.215) 
Para muitos de nós que vivemos nesta geração pensar sobre esses assuntos nos assusta com a tamanha violência que se passava neste ano. Mas foram nossas gerações anteriores que nos garantiram muitos dos direitos que temos hoje, os jovens do mundo levantaram suas bandeiras, criaram seus movimentos, e foram às ruas manifestar seus ideais e deixaram suas marcas na história. 
“O mundo inteiro parecia querer mudança e era tão forte esse desejo que saía pelos poros de todas as artes - música, teatro, cinema, artes plásticas. O idealismo fazia parte da vida dos jovens, assim como os cabelos longos, as saias curtas, os livros de Marcuse e Sartre, a irreverência, os discos de Joan Baez e Bob Dylan, de Chico Buarque e Caetano Veloso, de Léo Ferré e The Who.” (p.286) 
Simplesmente o livro surpreende a cada página, a cada capítulo nos trazendo diversas questões que se passavam no ano de 1968, questões como a guerra do Vietnã, a luta contra o racismo, os direitos humanos, o AI- 5, a contracultura, a passeata dos cem mil, os hippies, os movimentos estudantis, os movimentos dos trabalhadores, o feminismo, e tantos outros. Que nos levam a termos uma visão diferente sobre o passado, passado este que garantiu um futuro mais digno para a nossa geração e que nos faz refletir sobre os dias atuais em que estamos vivendo. 
“A geração de 68 não queria o poder, ela buscava a felicidade.” (p.286) 
A questão agora é saber: Será que nós jovens desta geração também teremos a garra e a persistência das gerações anteriores??? 

A resposta? 
“Seja Realista, peça o Impossível.” (p.286) 

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